A LAASP, ex-Liga Africana, acolheu ontem o espectáculo de dança contemporânea intitulado “Milendu Mbundu”, protagonizado pela Academia de Dança Ficção Provérbios. O evento serviu de suporte para apelar ao resgate dos valores identitários da cultura luandense, com especial realce para a vestimenta e as danças folclóricas
No palco da LAASP, a Academia de Dança Ficção Provérbios aproveitou o espectáculo de dança para promover a sua marca e defender a sua matriz que se cinge no resgate dos aspectos identitários da cultura de Luanda.
O conjunto, que existe há cerca de quatro anos, quer resgatar alguns aspectos fundamentais da matriz cultural luandense, com realce para a vestimenta, as músicas e as danças folclóricas que o grupo acredita estarem a “desaparecer” do cenário artístico da capital.
Para Jacinto Ventura, coreógrafo e director artístico da Academia de Dança Ficção Provérbios, Luanda, por ser a capital do país, tornou-se o centro de cruzamento de várias culturas, de vários povos e civilizações, o que faz com que aos poucos vá se perdendo a sua identidade cultural.
“Temos visto que Luanda perdeu a sua identidade cultural, desde a forma de vestir, de dançar, de se expressar, vimos que a capital perdeu a sua identidade e quase já não se consegue identificar quem são os originários de Luanda por falta desta identidade”, considerou o coreógrafo.
No seu entender, é importante que resgatem estes valores começando pela vestimenta, pelas músicas e pelas danças folclóricas de Luanda, que timidamente vão desaparecendo dos grandes palcos artísticos e culturais.
Trazendo como tema “Melenum Mbundu”, uma expressão da língua nacional Kimbundu, que em português significa ‘‘muitas culturas ou várias culturas”, o espectáculo destaca o multiculturalismo que caracteriza a cidade capital e os diferentes povos que nela habitam.
Com o espectáculo, o conjunto tenciona alertar a sociedade e as instâncias de direito a olharem com preocupação para esta perda identitária de Luanda e empenhar acções que possam promover o resgate destes aspectos culturais tipicamente luandenses. “E na dança, este aspecto ainda é visível uma vez que já não se assiste à exibição de danças folclóricas de Luanda como tal, como a rebita e cabetula”, ressaltou.
Mistura de ritmos e estilos em palco Com a duração de uma hora, o espetáculo, protagonizado por sete bailarinos, sendo três rapazes e quatro meninas, combinou vários ritmos e estilos de dança com o intuito de ilustrar o mosaico cultural que se tornou Luanda e a sua praça artística.
Em palco, os bailarinos exibiram um espectáculo diferente do habitual do conjunto, misturando toques de danças contemporânea, urbana, estilos comerciais e danças folclóricas luandenses, que contagiaram o público.
Com tecnicismo que expressava alegria, liberdade, entrega e espontaneidade, a academia de dança consumou assim a estreia da coreografia que promete levar em outros palcos da capital já nos próximos dias.
“A ideia é passar a mensagem de apelo para o resgate da identidade cultural de Luanda, que inclui as danças folclóricas tipicamente luandenses, como a rebita e cabetula”, reforçou o líder da Ficção Provérbios, Jacinto Ventura.